8 maiores cumes são atrativos de trekking na Chapada Diamantina

Por Orlandinho Barros – 23 de dezembro de 2022

A região da Chapada Diamantina é parte da cadeia do Espinhaço e possui uma grande variedade de formas de montanhas. Confira as 8 mais altas do Nordeste do Brasil!

Nascer do sol visto do alto de um cume na Chapada Diamantina | Foto: Açony Santos

Há alguns anos, a Chapada Diamantina tornou-se referência de destino para a prática de Turismo de Aventura, especialmente o trekking, que é o mais acessível. Com várias trilhas traçadas e opções de lazer das mais variadas, a Chapada Diamantina atrai milhares de visitantes anualmente, em busca de contato com a natureza em seus inúmeros atrativos naturais.

A região da Chapada Diamantina é parte da cadeia do Espinhaço e possui uma grande variedade de formas de relevo como rios, cachoeiras, campos gerais, cânions, vales, morros, montanhas, mirantes e abismos. A paisagem muda em cada trilha percorrida.

O mosaico de trilhas contempla trekkings para todos os gostos: leves, moderados e avançados. Devido à facilidade de acesso e à infraestrutura turística, o quadrilátero Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras tornou-se o principal polo de visitação da Chapada. Essas cidades são os pontos de partida para as regiões mais procuradas, como o Vale do Pati, Vale do Capão, Igatu e Ibicoara.

Cume do Itobira | Foto: Açony Santos

Mas existe uma região da Chapada ainda pouco visitada, as chamadas Serras Altas. Essa grande área engloba cinco municípios no sudoeste da Chapada Diamantina, são eles: Abaíra, Érico Cardoso, Piatã, Rio de Contas e Rio do Pires.

A APA da Serra do Barbado, com 63.652 ha engloba boa parte dessas serras e quase todas as principais montanhas mais altas, exceto o Pico das Almas, que fica na Serra das Almas em Rio de Contas.

Nas Serras Altas estão as maiores elevações da região Nordeste do Brasil: são 22 cumes com mais de 1.800 metros de altitude. Todos estão dentro de Unidades de Conservação, sendo o acesso do Pico do Barbado, por dentro de uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Como medir uma Montanha?

Neste artigo para o Guia Chapada Diamantina – escrito em 2019 e atualizado em 2022 – utilizei as mesmas definições usadas por Máximo Kausch e equipe no projeto Andes 6000+. Portanto, uma montanha é caracterizada quando a sua altura, considerada a partir do colo mais elevado até seu cume, dividida pela sua altitude for maior ou igual a 0,07. Multiplicando esse resultado por 100, obtemos o índice de dominância de um Cume.

Um Cume é qualquer elevação destacada do relevo circundante e identificada no mapa topográfico e/ou na imagem de satélite. Um cume, se não for classificado como Montanha, será chamado de sub cume vinculado a uma Montanha, ou simplesmente de morro quando isolado.

Na tabela de Montanhas da Bahia que organizei, constam as principais informações das 16 mais altas Montanhas da Bahia, das quais 15 estão localizadas na região das Serras Altas, apenas o Morro do Navio está fora. Aqui neste mapa interativo destacamos as 8 mais altas.

Dados coletados pelo autor do artigo

Para selecionar as Montanhas, utilizamos as cartas topográficas da SUDENE de 1975, escala 1:100.000 e análises de imagens de satélite do Google Earth. Depois das medições em campo, compilei as informações e elaborei a tabela.

A coleta considerou seis cumes com índice de dominância menor que 7% por serem sub cumes relevantes. O Pico do Escorrido fica próximo ao cume principal – Pico do Corvão, distante apenas 1,5 km e ambos no paredão do Vale do Guarda Mor ao norte, com o Vale da Mutuca a oeste. Já o Ouro Fino, um sub cume de uma Montanha ainda sem nome na Serra da Barra (P1890), tem um imponente paredão que marca o fim do vale Bem Querer-Tijuquinha.

Além desses, o remoto Pico da Brenha próximo ao Barbado, o P1850 a sudeste do Itobira, o P1820 a nordeste do Itobira e o Pico da Lapa Grande Filho bem próximo ao Pico da Lapa Grande.

Quais são as 8 mais altas?

Na lista dos Cumes da Chapada Diamantina, constam as principais informações das 16 mais altas Montanhas da Bahia e seus 6 sub cumes, das quais 15 estão localizadas na região das Serras Altas, apenas o Morro do Navio está fora.

Como trata-se de uma região pouco visitada, distante da cidade e sem trilhas de acesso para todos os Cumes, muitos deles nem nome têm, então me concentrei no estudo dos 22 Cumes mais altos inicialmente, mas continuarei a análise dos demais no futuro.

Apenas o Barbado, Elefante, Almas, Itobira e Morro do Navio já tinham nomes. Dimitri de Igatu durante a colocação dos livros de cume, batizou o Bicho, Mutuca, Frios e Guarda-Mor com base na geografia local. Os demais da tabela, não visitei ainda, portanto não foi possível batizar ainda.

Depois de várias visitas e conversas com guias e moradores da região de Catolés, descobrimos que o antigo Pico do Bicho chamam de Lapa Grande; o Pico da Mutuca chamam de Prateleiras; os Picos dos Frios leste e oeste chamam respectivamente de Pico do Corvão e Pico do Escorrido e o Pico do Guarda Mor chamam de Pico do Altino.

Estou programando para janeiro de 2023 uma visita a 9 Picos na região das Serras Altas a fim de registrar acesso e avaliar as altitudes.

Foto: Açony Santos
Trekking ao redor de Piatã | Foto: Açony Santos

A região de Piatã e Abaíra

Piatã é a cidade mais alta e a mais fria de toda região nordeste do Brasil com 1.280m de altitude. A temperatura média nos meses de inverno é de 9 graus; em 2019, a sensação térmica na cidade chegou a -1 grau.

O município possui cachoeiras, poços, trilhas e muitas Montanhas interessantes. Além disso, em Piatã é produzido um dos melhores cafés do Brasil com premiações internacionais. É considerado o principal ponto de apoio para as Serras Altas. Mas, para quem não necessita de muita infraestrutura urbana, o distrito de Catolés, em Abaíra, atende às necessidades dos menos exigentes: não tem sinal 4G, mas tem wi-fi nas duas pousadas. Para acessar a maioria dos cumes das Serras Altas, a estrada passa por Catolés. Confira a lista dos 8 cumes mais altos da Bahia!

1- Pico do Barbado (2.033 m)

Pico do Barbado | Foto: Dimitri de Igatu

É o mais alto de toda a região Nordeste do Brasil e o 31 graus mais alto do país. A trilha de acesso inicia no distrito de Catolés de Cima, distrito de Abaíra, onde há um estacionamento gratuito.

É possível contratar condutores em Catolés. Geralmente gasta-se entre 3h e 4h até o cume. O retorno é pela mesma trilha de subida. Do seu cume é possível avistar todas as outras 15 montanhas. Embaixo de umas pedras está o livro de cume.

2 – Pico do Elefante (1.980 m)

Pico do Elefante visto do pré-cume sudeste | Foto: Orlandinho Barros

A trilha de acesso é a mesma do Pico do Barbado, no colo da Forquilha, há uma discreta trilha à direita que leva ao sub cume sudeste do Elefante. A partir de lá, há uma trilha bem definida até o cume principal onde encontra-se um livro para registro de visitação. De lá avistamos todo o vale do Bem-querer e o cume do Ouro Fino ao norte. O pico do Barbado é visto ao sul, bem próximo, dá impressão de ser uma continuidade.

3 – Pico da Lapa Grande (1.970 m)

Pico da Lapa Grande ao centro com o Barbado à direita | Foto: Orlandinho Barros

O acesso ao Pico da Lapa Grande se dá pela localidade do Guarda-Mor, 6km após entrar à esquerda no centro de Catolés. Lá podemos estacionar os carros e solicitar autorização do proprietário. Do estacionamento, seguimos pela linda subida da mata dos Frios, depois seguimos até o final da trilha, subimos à direita até encontrar uma trilha que leva facilmente ao cume.

Boa parte da subida é por uma grande laje de quartzito recheada de bromélias e orquídeas. O seu cume é bem arredondado, semelhante ao Barbado. Existe um livro de cume lá, embaixo da pedra mais alta.
Na direção sudoeste, podemos avistar o sub cume Pico da Lapa Grande Filho bem próximo.

4 – Pico das Prateleiras (1.965 m)

A caminho do Pico das Prateleiras | Foto: Açony Santos

Quarto ponto mais alto da Bahia e da região Nordeste. Localizado na região de Catolés, distrito de Abaíra. O início do acesso é o mesmo do Pico da Lapa Grande. Após a descida da mata dos Frios, no pasto largo, viramos à esquerda e cruzamos o rio do Bicho na cerca.

Daí subimos pela trilha até o gerais dos cristais, depois procuramos por uma pedra grande destacada no sopé da mais alta Montanha do nosso lado direito, é onde começa o ataque ao cume. Para chegar até lá, é necessário contratar condutor credenciado.

Há água suficiente até a pedra grande, é possível acampar na base no gerais dos cristais. Tempo total de trekking a partir do carro aproximadamente 3h de ida.

5 – Pico das Almas (1.958 m)

Descida radical do Pico das Almas | Foto: Açony Santos

A Montanha mais visitada das Serras Altas. Até meados da década de 1980, era considerada oficialmente como a mais alta da Bahia, isso constava nos livros de geografia.

Várias agências e condutores credenciados de Rio de Contas oferecem pacotes de passeios de um dia para o Pico das Almas. É possível e recomendável incluir a visita a outros atrativos da região como comunidades quilombolas e cachoeiras.

O ataque ao cume se dá por escalaminhada emocionante na face nordeste. Os gerais do Queiroz, caminho para o Pico das Almas, é uma atração à parte com suas formações rochosas exóticas, é um ótimo local para acampar.

Guias locais estão abrindo um acesso a partir da cidade de Rio de Contas, essa trilha quando pronta, será feita em dois dias.

6 – Pico do Corvão (1.955 m)

Trecho conhecido como “Rolling Stones”, a pirambeira de pedras soltas. Descida bem técnica em direção à mata dos Frios | Foto: Açony Santos
Pico do Corvão à esquerda e Pico do Escorrido à direita | Foto: Orlandinho Barros

Uma Montanha com dois cumes, na beira do abismo do Guarda-Mor, com vista para a Serra do Atalho e grande parte das Serras Altas. O acesso de dá pelo Gerais dos Cristais, um pouco depois de terminar a subida, é possível avistar o seu cume à esquerda da trilha. É possível também acessar subindo o Rolling Stones e fazer o ataque sem trilha pelo flanco leste.

É a mais fácil e mais acessível. Mesmo não existindo trilha para ataque aos dois Picos, chega-se rapidamente ao Pico do Corvão (o da esquerda na foto acima) apenas caminhando por entre as lajes e arbustos.

Para se chegar ao sub cume Pico do Escorrido, distante 1,5 km, gasta-se 1 h de ida. O retorno pode ser descendo pelo Rolling Stones, ou pelo mesmo caminho de subida.

7 – Pico do Itobira (1.940 m)

Pico do Itobira ao amanhecer – foto feita no subcume com o Pico do Barbado ao fundo | Foto: Orlandinho Barros
Trilha com Pico do Itobira ao fundo | Foto: Açony Santos

O Pico do Itobira faz parte da famosa travessia dos Três Picos na Chapada Diamantina. Seu formato de cone vulcânico e sua pequena área no cume, são atrativos especiais dessa Montanha baiana.

O acesso é a partir da cidade de Rio de Contas, seguindo pela estrada da Caiambola até o estacionamento na base. Do estacionamento até o cume é uma subida contínua, acentuada no final próximo ao sub cume onde são armadas apenas duas barracas.

Na época certa, é possível presenciar o raro fenômeno do mar de nuvens ao amanhecer como na foto abaixo. Várias agências de turismo e condutores credenciados oferecem pacotes para o Itobira e/ou Três Picos – Pico das Almas, Itobira e Barbado – é uma travessia imperdível!

8 – Pico do Altino (1.918 m)

Pico do Altino a partir do Pico do Escorrido | Foto: Orlandinho Barros

O Pico do Altino tem altitude próxima do Itobira e índice de dominância parecido, porém são completamente diferentes. A forma dessa Montanha está dentro do padrão geral das Serras Altas: um grande morro arredondado.

Para alcançá-lo, parte-se do estacionamento do Guarda-Mor e sobe o Rolling Stones, que é uma extenuante e longa subida pelo paredão. Ao final dessa subida, ainda tem uma longa caminhada no sentido leste subindo a longa crista da Montanha até o cume. Gasta-se 3 h de ida do estacionamento até o cume.

Livro de cume: a prova escrita

Livro acondicionado em caixa de alumínio no Pico do Escorrido | Foto: Orlandinho Barros

Em meados de 2019, o escalador Formiga, morador de Lençóis na época, teve a feliz ideia de colocar livro de cume nas principais Montanhas da Chapada Diamantina. Com seus próprios esforços, ele visitou o Manoel Vitor, o Camelo e o Esbarrancado, depois, com Dimitri de Igatu, colocaram mais alguns outros livros. Em dezembro de 2019 eu e Dimitri colocamos mais alguns nas Serras Altas.

Atualmente, há um Livro de Cume em pelo menos 11 Montanhas da Chapada Diamantina, alguns já assinados por diversos visitantes. Quando visitar uma Montanha, assine, comunique caso o livro esteja preenchido ou danificado ou faltando caneta/lápis.

Livro de Cume é um caderno usado tradicionalmente em todo o mundo para registro de visitação. É mais um ritual do que um registro documental.

Orlandinho Barros

Baiano, nascido em 5 de julho de 1965, um explorador que já completou as trilhas clássicas de 11 estados, muitas sozinho. Fez também 440 km da Appalachian Trail em 2017 em 25 dias e abriu 305 km da Trilha inédita Brasil Central conectando Brasília a Alto Paraíso em 2016. Contatos: (71) 99112-2163 / Instagram: @barrosorlandinho

Agradecimentos e contatos

Condutor Chico Guia
Profissional bilíngue que mora em Catolés. Cel: (71) 99405-6389 / FB: Francisco Valadares / Instagram: @chico.guia

Fotógrafo de natureza
Açony Santos mora em Lençóis. Cel: (75) 99255-9029 / FB: Açony Santos Fotografia / Instagram: @acony

Angela Leony
Proprietária da RPPN Pico do Barbado, que dá acesso ao Barbado. Cel: (71) 98192-7201 / angela.leony@gmail.com / Instagram: @rppn.picodobarbado

Condutor Dmitri de Igatu
Fotógrafo e dono da agência Chapada Trekking, Dmitri é guia na Chapada Diamantina e outros locais pelo mundo. Cel: (75) 999205-7876 / Instagram: @chapadatrekking

Dú de Catolés, condutor, agricultor, morador em Catolés

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