AVENTURAR-SE É A MANEIRA MAIS DIVERTIDA DE SE SENTIR LIVRE

TRAVESSIA DO PARQUE NACIONAL, UMA AVENTURA SEGURA NA CHAPADA DIAMANTINA

Da redação: relato de Branca Resende, transcrito por Marcela Moura.

Fotos: Rogério Grillo

“Sete dias de pura adrenalina, emoção, desafios, belezas e principalmente conexão com a natureza. Tô olhando agora pro Pai Inácio, saímos do Águas Claras há pouco e tá um sol lindo de viver! Tô caminhando na trilha (…) Eu não sei que horas este áudio vai chegar para vocês. Os amo muito, morrendo de saudades (…)”.

O áudio emocionado é de Branca Resende, diretora do Guia Chapada Diamantina, para seus filhos (Caiã e Clara), via whatsapp,  após enfrentar uma semana de trilhas em meio à natureza selvagem da Chapada Diamantina. 

A travessia foi realizada em parceria com a Mutuca Trekking Adventure em um formato nunca antes feito, beirando uma aventura de “luxo”, já que os participantes, ao chegarem aos pontos de acampamento, já o encontravam devidamente montado, com comida servida e até vinho e espumante para celebrar o esforço do dia. As refeições, balanceadas, foram elaboradas sob a consultoria da Chef Joara Ferraz. 

Segundo Vitor Almeida, diretor da Mutuca Trekking, a idéia da travessia surgiu quando Formiga, um dos guias que veio a acompanhar nosso grupo e Paulinho (Família X, de Ibicoara), amigo de aventuras, narraram a façanha de ter atravessado o Parque Nacional, desde a Fumacinha, em Ibicoara, até o Morro do Pai Inácio, em Palmeiras, em apenas 30 horas. 

Ao ouvir tal relato, Vitor foi atrás de informações, e descobriu que a travessia estava prevista no plano de manejo do Parque, por meio de trilhas antigas, muitas delas já fechadas. 

Foram 3 anos nesse trabalho de reabrir tais trilhas, investindo dinheiro próprio para concretizar o sonho. É uma verdadeira realização chegar a este formato de trekking.

Me foi dada a missão quase impossível de trazer para vocês toda a emoção que é cruzar o Parque Nacional da Chapada Diamantina (a partir de agora o chamaremos de PNCD), por meio dos depoimentos que Branca e seus bravos companheiros de viagem me foram enviando dos poucos pontos onde havia sinal de internet. 

DIA 1 – Saída de Mucugê para Ibicoara – NÍVEL AVANÇADO

Após um trajeto de carro até a comunidade do Baixão de Ibicoara, a equipe inicia a trilha avançada de 18 km para a estonteante Cachoeira da Fumacinha, percorrendo um caminho incrível, a maior parte do tempo pelo leito do rio, com paradas para banho nos lindos poços que se formam em alguns trechos.

O banho no poço gelado, com vista para a bela queda d’água, que mais parecia um véu, seguido de um lanche, que foi essencial para se prepararem para o esforço de atravessar a temida fenda de quase 90 graus que dá acesso ao mirante da Fumacinha por cima, para assistirem ao pôr-do-sol. 

“Um dia de superação, algumas surpresas, sobretudo com a beleza da Fumacinha por baixo, um deslumbre.  Foram muitos km pulando pedra, um trecho difícil de vencer, a chamada fenda, que nos levou para o platô de cima da Fumacinha até chegarmos no primeiro acampamento, mas estamos em ótimas companhias, muito bem assessorados, com bons guias e  uma estrutura muito bem organizada. Abrimos o primeiro dia com chave de ouro e esperamos fechar assim também” – afirmou Rogério Grillo, fotógrafo de Lençóis. 

DIA 2 – Toca do Vaqueiro para Cachoeira da Matinha (22km) – NÍVEL AVANÇADO

“Depois seguimos com a nossa caminhada em direção ao primeiro acampamento. A maior parte do percurso foi feita à noite, ladeando o Rio Preto, mas a recompensa ao chegarmos foi ter tudo montado, com comida boa e um vinho pra relaxar, que fez a alegria de todos. 

O acampamento, perto da Toca do Vaqueiro, montado pela equipe de apoio da Mutuca Trekking, fica ao lado de uma pequena queda d’água que forma um poço delicioso para banho e apreciação, chamado Ranchinho”- relatou Branca. 

Na montanha somos todos irmãos. Não tem médico, não tem advogado…”. (Felipe Romeiro – Guia de Turismo – RJ)

O plano era seguir por 22 km pelo Gerais, em direção à Cachoeira da Matinha, onde nossos “heróis da resistência” dormiriam e, na manhã seguinte, percorreriam os 10 km restantes até Mucugê

Como em todo trekking, temos o fator “natureza”, aquele impossível de controlar.

E nesse dia, a chuva impediu o trajeto planejado de ser concluído. O volume de chuva foi tão grande que foi necessário interromper o projeto inicial e seguir, extraídos pela equipe de apoio na Cachoeira da Matinha para a cidade de Mucugê por carro. 

Chovia copiosamente, e a equipe de apoio mostrou seu valor resgatando o grupo e os levando de volta à segurança da forma que puderam, tamanha a força da tempestade. 

DIA 3 – Dia off em Mucugê (Museu do Garimpo, tour pela cidade, massagem, show e jantar)

Após o perrengue, a bonança! Um dia “off”, com direito a passeio turístico, massagens e show surpresa de Rogério Grillo, que, além de fotógrafo, é um exímio músico, que interpreta o melhor da MPB. 

DIA 4 – Hotel Mucugê – Dia da canoagem Rio Preto // Toca do Caboclo (pinturas rupestres) // 10 km caminhada até Cachoeira Tomba Cachorro

Após o descanso, o grupo estava pronto para a próxima etapa da aventura: subir os 7 km de caiaque pelo Rio Preto em duplas com uma parada para conhecer as pinturas rupestres da Toca do Caboclo, datadas de 8 mil anos atrás. 

O dia estava bonito, sem sol, mas iluminado, destacando os morros, formações geológicas de bilhões de anos. Após a canoagem, pegaram novamente a trilha, desta vez pelos Gerais do Rio Preto a pé rumo ao próximo acampamento, onde uma bela massa caseira com molho de tomate, versões vegana e com salmão, preparadas pela Chef Joara os aguardava, com vinhos de acompanhamento. 

DIA 5 – Saída em direção ao Vale do Pati (22km) Cachoeirão // Dormida na Igrejinha

A madrugada anterior os “presenteou” com mais chuva, tanta que até o riacho que beirava o camping encheu. A manhã de garoa serviu para os guias tratarem as lesões dos aventureiros. Uma das participantes havia torcido o pé, além das usuais “bolhas”, todas muito bem tratadas pela atenciosa equipe. 

Rodeados pela Serra do Palmito, ainda em Mucugê,  percorreram  aproximadamente 16 km até o  Cachoeirão no Vale do Pati e, de lá, até a Igrejinha, local de pernoite. 

Relato de Branca:

“Chegamos ao Pati de Cima, na Igrejinha. Foi uma caminhada tranquila, sem chuva,  tempo nublado. Apesar disso, pegamos terrenos muito alagados pelas chuvas anteriores, o que deixou os calçados de todos bastante molhados. As paisagens eram alucinantes, as montanhas iam brotando através da neblina. Quando abria o tempo era um espetáculo. 

Chegando ao Cachoeirão, era água para tudo quanto era lado. Para quem não sabe, normalmente é apenas uma cachoeira principal, mas, por causa da quantidade de chuva que caiu, outras quedas d’água apareceram”.

Em um platô próximo às quedas d’água foi montado o almoço. Deixar as mochilas na entrada e percorrer o trajeto até o Cachoeirão livres de peso fez a caminhada render bastante – mais uma vantagem de contar com uma equipe de apoio. 

Ao sairem de lá, retomaram a trilha em direção à Igrejinha, ainda nos Gerais do Rio Preto, onde a fauna e flora impressionaram, em especial as flores.

Ao chegar, jantar típico dos  nativos do Pati, cerveja, dominó, violão e até banho quente! 

DIA 6 – Saída da casa dos nativos para subida do Gerais do Vieira (Pati) até o Capão

Começando o dia pela “insana” Subida da Rampa, que recentemente teve um upgrade feito pelo ICMBIO.

“É isso, foi mais um dia em que tive uma experiência maravilhosa, difícil, superando desafios, mas esse tipo de rolê realmente conecta as pessoas, o grupo” – afirmou Branca. 

O grupo seguiu até o Mirante do Pati, acima da Igrejinha, a 1200m de altura, em excelente ritmo, superando até mesmo as expectativas do guia Chico. 

O trajeto pelo Gerais do Vieira segue até o Vale do Capão, passando pelo Bomba (povoado), com uma pausa para lanche e banho. 

“A conexão com a natureza cura”, conclui Branca, ao ver que até mesmo as lesões sofridas por seus companheiros de viagem, pareceram recuperadas. 

DIA 7 – O time segue do Capão para Águas Claras, onde um carro busca o grupo de volta para Lençóis, finalizando a aventura.

A aventura reservou para o último dia de caminhada, saindo do Vale do Capão até o Águas Claras, atrativo que fica no sopé do Morrão, paisagens maravilhosas e memoráveis.

“Viver a experiência de atravessar o Parque Nacional da Chapada Diamantina foi a confirmação das belezas que o local oferece, e a necessidade de se preservar isso tudo. 

A logística por trás desse roteiro facilitou muito a realização do mesmo, já que o trajeto oferece muitas dificuldades, são trekkings muito longos, então realmente fez a diferença ter uma equipe de apoio dando tanto suporte. Não precisamos levar todo o material conosco, nem montar os acampamentos a cada parada. 

A Mutuca Trekking conseguiu unir a adrenalina, a segurança e o conforto. Me permitiu acessar coisas que não sabia que era capaz de fazer” – Branca Resende.

“Além de ser a mais longa travessia de Parques Nacionais do Brasil, ela nos proporciona completa imersão em diversos e espetaculares ecossistemas naturais. 

A Mutuca Trekking montou uma viagem em que amantes da natureza podem desfrutar de uma experiência desafiadora, com muito conforto e apoio logístico. É ideal para campistas iniciantes, para autoconhecimento e superação. Uma experiência maravilhosa, imperdível e inovadora em nosso país” – Laís Tamella, guia de turismo do Rio de Janeiro.   

“A travessia do Parque Nacional da Chapada Diamantina é uma experiência que com certeza a gente leva para a vida toda!

Andamos por 7 dias em uma vibe de  profunda conexão com a Natureza e que passamos bem no miolo da área do Parque Nacional, onde estão localizadas as regiões mais selvagens do Parque.

Foi uma aventura realizada com um nível de qualidade de serviço jamais prestado por outras agências aqui na Chapada Diamantina. 

Um formato exclusivo, desenvolvido pela Mutuca Trekking, pensado para proporcionar a melhor experiência possível em um ambiente selvagem com o máximo de conforto e segurança para os seus clientes” – Chico Valadares, guia da equipe de apoio.

“É um tipo de atividade que vai além de desfrutar, a natureza, é uma verdadeira imersão. Sem as tecnologias da vida “normal”, temos tempo de pensar na vida, nos conectarmos uns com os outros, conosco mesmos e com a natureza, que é nossa origem. 

A trilha por vezes funciona como uma metáfora da própria vida, como quando uma das participantes se acidentou e quis continuar. Na vida não podemos prever os empecilhos, mas podemos nos adaptar e seguir em frente” – Vitor Almeida.  

Nós, do Guia Chapada Diamantina, só podemos celebrar o surgimento de mais esta aventura em “nosso quintal”, e desejar toda a sorte à equipe da Mutuca Trekking. 

Que venham as próximas!

Agradecimentos

Para elaborar este conteúdo, a equipe do “Guia Chapada Diamantina” realizou a travessia de 7 dias em outubro de 2021. Agradecemos aos nossos parceiros:

DICAS EXTRAS

Agência de turismo

Esta viagem precisa de planejamento. Os percursos requerem conhecimento das rotas, condutas de mínimo impacto em ambientes naturais, habilitação em primeiros socorros e normas técnicas de segurança. Você estará num ambiente selvagem, portanto, zele pela natureza e sua própria segurança. Contrate uma agência de turismo qualificada!

Graus de dificuldade

Vão de moderado a avançado, o que exige um bom condicionamento físico, muita técnica e determinação.

As intempéries do tempo

Prepare-se para tudo: sol escaldante, chuva, neblina e frio cortante, afinal, o clima pode ser resumido em uma palavra: imprevisível. Você pode sair da cidade com chuva, céu fechado e no meio do caminho o céu abrir. Ou vice-versa.

Melhor época

O outono e o inverno são as melhores estações, com mais chances de noites estreladas e dias não tão quentes.

Roupas e equipamentos

A Chapada é famosa por alcançar temperaturas muito abaixo das médias do nordeste à noite, com muito sol durante o dia, principalmente no seu lado sul. Por isso, além da bota de trekking, leve também roupas de banho, blusa e calça segunda pele, fleece, casaco e calça corta-vento, camisetas de manga longa com proteção UV, gorro, chapéu ou boné, meias e luvas. Stick, lanternas, saco estanque e cobertura para mochilas também são essenciais, assim como o fogareiro e o shit tube.

Acampamento selvagem

Acampar na natureza requer algumas regras. As principais são não fazer fogueira e trazer seu lixo de volta.

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