O “turista” que veio para ficar na Chapada Diamantina

Por Marcela Moura originalmente publicado em 20 de agosto de 2021

A pandemia de Covid-19 trouxe uma grande revolução para o planeta, tanto no campo profissional quanto no pessoal. O mundo todo começou a observar um movimento reverso ao visto nos últimos séculos: o êxodo urbano. 

Agroecologia Fazenda Cajuzeira – Foto: Açony Santos.

Se antes, com a industrialização, os trabalhadores rurais rumavam do campo às cidades, agora, depois de quase 2 anos trancada em casa, a população urbana voltou a valorizar o contato com a natureza. 

Com o desenvolvimento digital, hoje em dia boa parte das profissões pode ser exercida da sala de casa, e isso abriu espaço para coisas até então inimagináveis, como morar na “roça” enquanto se trabalha em uma multinacional (texto meramente ilustrativo, rs). 

Brincadeiras à parte, a verdade é que nunca antes na História esse movimento foi tão intenso. E a Chapada Diamantina é um dos destinos que muitos escolheram para, mais do que viajar, fazer a vida. 

E é nestes personagens que iremos focar nesta matéria. 

Carolina Chagas, em Mucugê

Como turismóloga, a soteropolitana Carolina Chagas já conhecia a Chapada Diamantina de outros carnavais, quando vinha passear e desbravar as tantas belezas naturais que o território oferece. Com a Covid-19, porém, a vontade de sair da cidade grande cresceu, e Mucugê foi o destino escolhido por ela e o marido. 

“A pandemia catalisou esse projeto, pois nos vimos estressados e enclausurados no apartamento em Salvador, enquanto poderíamos ter outro nível de qualidade de vida e uma relação mais harmônica com a Terra”.

Para além dos muros e arestas que o lockdown nos trouxe, a segurança foi um dos fatores mais mencionados pelos entrevistados quando questionados sobre as razões que os trouxeram à Chapada Diamantina. Com o avanço da pandemia, o desemprego e a instabilidade financeira aumentaram exponencialmente os índices de violência nas capitais do país. 

“Nossa idéia aqui é viver em um lugar mais tranquilo, onde possamos desfrutar do espaço com segurança e possamos exercer nossa profissão, que tanto amamos” – diz Carolina. 

Muitos empresários e seus funcionários – agora em regime de ‘home office’ – decidiram, então, migrar para cidades menores, onde a sensação de liberdade ultrapassa as fronteiras das grades dos condomínios. 

Com isso, muitos negócios aqui abriram, e a região vive um momento de expansão e prosperidade. 

Carolina ressalta, ainda, o tamanho da Chapada e o leque de possibilidades que isso traz: “Cada um vai encontrando o seu lugar, e isso é incrível!”

É o caso de Ayelen Gilabert, argentina de La Plata que, durante a pandemia, abriu com uma amiga italiana o hostel Multiverso, em Lençóis

Ayelen Gilabert, em Lençóis. 

Professora e viajante, como ela mesma se define, a vinda para o município mudou sua percepção do que “realmente importa”, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Quando questionada a respeito do fato de ser estrangeira e os impactos locais ao investir em um negócio próprio na Chapada Diamantina, declarou:

“Eu não acredito na idéia de ‘forasteiro’, de jeito nenhum. (…) Eu tenho um hostel. Meus hóspedes favorecem a movimentação de trabalhos relacionados ao turismo: passeios guiados, comércio local, restaurantes… Acho que é uma troca de ajuda”.

Por conta desse leque de oportunidades que vêm se abrindo com o desenvolvimento das cidades aqui da Chapada, causado em muito por esse êxodo urbano que temos observado, há cada vez mais casos de pessoas que vêm passar férias, se encantam e resolvem ficar. 

É o caso do sergipano Sávio Carvalho, de 29 anos. Após uma visita a amigos na cidade de Lençóis, o arquiteto voltou à sua terra natal apenas para organizar seu retorno, dessa vez como morador. O contato diário com a natureza foi o fator decisivo.

Sávio Carvalho, na Cachoeira do Buracão, em Ibicoara

“Morar próximo à natureza é um fator importante para a qualidade de vida e o desenvolvimento humano na sua produção diária. Sinto ainda que posso agitar a oferta de trabalho local, já que, na minha área de atuação, necessito de mão-de-obra e serviços, beneficiando, assim, o desenvolvimento da cidade em todas as suas esferas”, declara Sávio. 

O fato é que estamos chegando – inclusive esta que vos escreve -, sou do Rio de Janeiro. 

Vindos de todas as partes, buscando maior conexão com o planeta e conosco mesmos. E nossa chegada movimenta todo o fluxo da Chapada. Novos moradores, novas ideias, novos projetos…

“Acredito que não existem pessoas de dentro ou de fora. Existem pessoas ‘do bem’ que precisam cada vez mais se conectar para aumentar essa luz sobre o mundo.

Devemos incentivar um consumo que beneficie o meio ambiente e a população nativa (optando pela aquisição de produtos artesanais e alimentícios que fortaleçam o empreendedorismo local, por exemplo).

Precisamos nos unir e ‘correr atrás’ para revertermos os impactos terríveis que o ser humano vem causando à Terra, e só através da colaboração conseguiremos isso (…). 

Não precisa de muito, cada um fazendo um pouquinho, muda tudo”, reitera Carolina. 

Fazemos dessas palavras, nossas. 

Para além do mercado de trabalho e da movimentação do comércio local, a chegada de pessoas vindas das capitais e de outros países, acostumadas a cobrar o poder público de forma mais incisiva, pode contribuir, inclusive, com melhorias para toda a sociedade. Questões como reciclagem, saneamento básico, incentivos ao turismo e à cultura… A lista é enorme. 

E se você está pensando em fazer da Chapada sua morada, ou pelo menos uma válvula de escape do estresse da “Babilônia”, o Guia Chapada Diamantina está aqui para te auxiliar em todas as etapas do seu planejamento.

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