A atividade turística não deve ser entendida como um privilégio: viajar é um direito das pessoas. E, num país onde 45 milhões de habitantes têm algum tipo de deficiência, esta afirmação deve ser levada a sério pelos agentes de turismo. Na Chapada Diamantina, os passeios acessíveis começam a ser, com pioneirismo na Bahia, uma opção.
Em agosto de 2012, a agência Chapada Adventure Daniel guiou pela primeira vez um grupo de deficientes auditivos pela Cachoeira do Mosquito, o Parque da Muritiba e as grutas de Lençóis. A iniciativa, proposta pelo presidente da Federação Baiana dos Desportos dos Surdos (FBADS) e professor da Língua Brasileira de Sinais (Libras), Marcelo Silveira, repetiu-se em 2013.
Veja o vídeo sobre a viagem do grupo de surdos à Chapada Diamantina
“A novidade é sempre um risco. Mas corri atrás de profissionais, e deu certo”, contou a diretora da agência, Flávia Brivio. Ela buscou, na época, a especialista em Libras Luciane Rufino, de Lençóis, para acompanhar o grupo e fazer a tradução dos guias responsáveis pelo passeio. “Dois guias para dez pessoas, atenção em dobro e paradas, no caminho, para traduzir as informações dos locais. Fora isso, foi uma trilha como qualquer outra”, disse Flávia.
Para Silveira, a Chapada Diamantina já é uma referência em turismo acessível, pois ele desconhece outras regiões turísticas que ofereçam esse tipo de serviço: “Foi tudo muito bom, com destaque à atenção e preocupação do guia em nos conduzir em segurança. Uma surda com problemas nos joelhos mancava, e o guia providenciou uma bengala!”
Tanto surdos quanto cegos e pessoas com síndrome de down podem fazer trekking, de acordo com o Ministério do Turismo. Rapel, tirolesa, rafting e arvorismo também são atividades possíveis, desde que haja apoio profissional. A Chapada Diamantina é a primeira região baiana a desenvolver o turismo acessível, segundo a Empresa de Turismo da Bahia (Bahiatursa). Tanto que a Chapada Adventure Daniel foi convidada a apresentar o caso no Salão de Turismo deste ano, em Salvador. Agora, a agência, com sede em Lençóis, procura realizar projetos de acessibilidade junto ao município.
Tirolesa acessível
No ano passado, a mesma empresa levou o menino Lucas, de Maceió (AL), para um passeio pelos arredores de Lençóis. Paraplégico, o garoto de 13 anos visitou o Poço Azul e fez tirolesa no Poço do Diabo, emocionando-se com a atividade. “É apaixonante esse trabalho”, disse Flávia, “muitas pessoas com deficiência ainda ficam presas em casa por causa da falta de acessibilidade. Estamos promovendo a inclusão social”.
Até o fim do ano, a empresária deve atender, além de um novo grupo de pessoas com problemas auditivos,um cliente cego. “Tem que vir ele, um cão-guia e alguém de confiança”, disse ela, deixando a dica para empresários do ramo: nesses casos especiais, sempre há pessoas que acompanham o turista, formando um grupo maior. No passeio de Lucas, a sua família estava presente, e ficou muito contente ao ver que o turismo, mesmo de aventura, pode ser inclusivo.
Contato
Chapada Adventure Daniel – Lençóis, BA
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