TURISMO DE NATUREZA E AVENTURA SÃO SEGUROS?

A importância do planejamento prévio e da análise de riscos no local escolhido para cada aventura

Da redação, por Marcela Moura, em 19/01/22

Nos últimos anos, a procura pelo turismo de natureza e aventura aumentou exponencialmente. Em boa parte, isso se deu pelo longo período de isolamento por causa da pandemia, que trouxe um desejo de reconexão e contato com a “vida selvagem”. 

Morrão – Foto: Branca Resende

O ser humano é parte da natureza, e como tal, sente a necessidade de estar com os pés no chão, de sentir o vento e de ouvir o canto dos pássaros, o som das águas e até mesmo o silêncio das matas e, assim, se conectar com o meio ambiente. 

Cachoeirão – Foto: Rogério Grillo

E é por isso que viajar para destinos como a Chapada Diamantina, que oferece tantas opções de atividades do turismo de natureza e para todos os gostos, é tão maravilhoso! 

Mas é bom lembrar que, quando estamos em tal território, existem diversos fatores externos que devem ser levados em consideração para que a aventura seja o mais segura possível

Após alguns acidentes naturais em outros destinos brasileiros, nos sentimos no dever de buscar informações esclarecedoras sobre a segurança durante as práticas desse tipo de turismo na Chapada Diamantina, quais são os riscos que existem e como mitigá-los.

Para isso, entrevistamos Carolina Chagas, consultora de turismo de aventura da empresa D’aventura (ao final desta matéria você pode conferir a entrevista na íntegra). 

Carolina ressaltou a importância do planejamento prévio e da análise de riscos no local escolhido para cada aventura. Caso o local selecionado seja um rio ou cachoeira, por exemplo, é essencial checar a precipitação (probabilidade de chuvas) em toda a região e nas nascentes do rio em questão. 

Foto: Arquivo D’aventura

“Com a tecnologia a nosso favor, hoje existem uma série de apps na palma da nossa mão que podem auxiliar o condutor e o turista a analisar as condições do tempo antes de ir para a sua prática” – afirma a consultora.

A informação é peça-chave para a aventura ser bem-sucedida. O turista deve ser consciente dos desafios de cada passeio, e estar apto a eles. Além disso, é imprescindível a escolha de um condutor habilitado e experiente, munido de todas as ferramentas necessárias para a realização da empreitada! 

“Ele (o condutor), não só por qualificação, mas por  experiência de observação do local, conhece o comportamento do clima na região, conhece áreas de fuga em caso de emergência e deve ser capaz, inclusive, de abortar uma atividade mesmo depois de iniciada, caso avalie que envolve riscos não toleráveis para as pessoas” – exalta Carolina. 

Uma vez que alguma situação de emergência de fato ocorra, o turista preparado possuirá a principal ferramenta: a calma de quem sabe com o que está lidando. Assim, as chances de a situação ser contornada aumentam imensamente. 

Cachoeira da Fumaça – Foto: Rui Rezende

Por isso, querido turista, planeje-se bem, siga as normas de segurança, contrate um guia local qualificado e nos vemos pelas trilhas da vida!

ENTREVISTA NA ÍNTEGRA (com Carolina Chagas):

Dicas para uma imersão na natureza com segurança. 

– Como podemos prever fatores naturais, como cabeças d’água, dentre outros?

Praticar atividade de aventura na natureza requer planejamento prévio e análise de risco. 

Riscos como cabeças d’água estão associados a períodos de chuvas, portanto monitorar a meteorologia é fundamental. É importante ressaltar que a análise de probabilidade de precipitação deve ser não apenas no local da atividade como em toda a região e nas nascentes dos rios.

Com a tecnologia a nosso favor, hoje existem uma série de apps na palma da nossa mão que podem auxiliar o condutor e o turista a analisar as condições do tempo antes de ir para a sua prática. 

É certo que existem outras análises mais complexas que devem ser feitas por especialistas, como riscos de desmoronamentos, por exemplo. E nesse ponto, fica evidente a responsabilidade de múltiplos atores requerida pelo turismo de aventura.  

Cada envolvido precisa fazer a sua parte no sistema turístico: órgãos públicos devem planejar, regular e fiscalizar; prestadores de serviço devem seguir a legislação e normas vigentes. 

Já o turista tem o importante papel de pesquisar empresas regulares e destinos seguros, assim como conhecer as habilidades requeridas para a atividade de sua escolha e preparar-se para realizar uma aventura segura.

Pico do Barbado – Foto: Açony santos

– Como minimizar os riscos quando expostos a locais de natureza selvagem?

Primeiro de tudo, planejar! 

Existe uma norma internacional, a ABNT NBR ISO 21.101 – Turismo de Aventura – Sistema de Gestão da Segurança – Requisitos, que dá as diretrizes para que os prestadores de serviço ofereçam uma atividade segura. 

A maior abordagem dessa norma é preventiva, isto é, conhecer e minimizar os riscos. Entende-se que a melhor forma de um turista se proteger é fazer uma aventura consciente dos perigos e cuidados que se deve tomar. 

Quando a gente vai para uma trilha sabendo que o dia será quente, temos de reforçar a nossa hidratação e proteção solar, assim como quando sabemos que determinada trilha íngreme está muito escorregadia por causa das chuvas, podemos decidir por não fazê-la, ou fazê-la destinando mais tempo, com mais calma e levando conosco equipamentos de suporte, como uma corda, por exemplo. 

Enfim, planejamento é a chave para uma prática mais segura. Os riscos existem, porém, é possível minimizá-los buscando a informação para a tomada de decisões adequadas a cada situação.

E, sem dúvida nenhuma, o condutor local formado, com toda sua experiência e treinamentos, é a melhor forma de se realizar uma prática segura. 

Ele, não só por qualificação, mas por experiência de observação do local, conhece o comportamento do clima na região, conhece áreas de fuga em caso de emergência e deve ser capaz, inclusive, de abortar uma atividade mesmo depois de iniciada, caso avalie que envolve riscos não toleráveis para as pessoas.

– Uma vez que estamos em uma situação de emergência, como agir?

Primeiro, precisamos ter calma. Isso é sempre mais fácil quando há o planejamento anterior, ou seja, quando estamos preparados. 

A partir daí é fazer análise de cenário: se possível, buscar um lugar seguro, verificar se a emergência gerou vítimas, qual o dano aparente dessas vítimas, se for o caso, buscar comunicação para um possível resgate e analisar recursos humanos e equipamentos disponíveis para eventual evacuação no momento correto. 

É importante ressaltar que cada situação de emergência requer uma análise específica, o importante é estar preparado com informações e equipamentos para agir corretamente.

– Alguma outra recomendação direcionada ao turista que opta por este tipo de turismo?

É fundamental que os turistas de aventura procurem empresas regulamentadas e que sigam a legislação. 

A Lei Geral do Turismo obriga as empresas dessa natureza a terem um sistema de gestão da segurança implementado. 

Então, o primeiro questionamento a se fazer é: essa empresa controla os riscos da atividade? Demonstra saber o que fazer em caso de acidentes? Prestou as informações mínimas necessárias para eu decidir pela compra? Possui os equipamentos adequados e profissionais qualificados para a prática?

Hoje, o turismo de aventura conta com dezenas de normas técnicas que apóiam na qualificação do segmento. 

O Brasil é referência mundial nesse quesito, tendo várias normas brasileiras sido a base para a criação das normas internacionais. 

É preciso que haja seriedade por parte das empresas para que se apropriem desse grande know how que temos. 

Para isso, órgãos públicos devem fiscalizar as empresas. Vale ressaltar que a ABETA – Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, tem feito um importante trabalho de qualificação e conscientização do segmento. 

O turista também precisa ser conscientizado sobre a importância do turismo de aventura seguro, para que tenha apenas boas lembranças das viagens na natureza.

AGRADECIMENTOS:

@daventurabr

@carol_chagas_

SEIS dicas de segurança antes de ir para trilha

As belezas naturais da região atraem milhares de pessoas durante o ano, mas antes de ir para a trilha, é preciso estar atento às questões de segurança.

Gerais do Vieira – Foto: Rogério Grillo

Redação PNCD

O Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) é o paraíso do trekking. Ele possui mais de 60 atrativos, como cachoeiras, morros e poços, e mais de 300 km de trilhas que podem ser acessadas por seis municípios.
As belezas naturais da região atraem milhares de pessoas durante o ano, mas antes de ir para a trilha, é preciso estar atento às questões de segurança. Por isso, a equipe do PNCD preparou essas dicas para que você desfrute das suas férias sem dor de cabeça:

1. NÃO CORRA RISCOS DESNECESSÁRIOS

Resgates em áreas naturais são complexos, caros e demorados. As trilhas do Parque Nacional possuem condições rústicas e não possuem sinalização, então, saber cuidar de si é essencial.

2. PLANEJE SEU ROTEIRO

Antes de escolher um passeio, informe-se sobre as características do local, como distância, presença de água potável e o grau de esforço físico exigido.

3. NUNCA SAIA SOZINHO

Não há sinal de celular dentro do Parque. Informe no local onde está hospedado, qual passeio irá realizar e deixe o contato de algum familiar para ser informado em caso de acidente.
Além disso, se você estiver acompanhado, terá alguém para te prestar socorro caso se machuque, seja picado por um animal peçonhento ou sinta-se mal. O ideal é estar acompanhado de um guia qualificado.

4. NÃO SALTE NOS POÇOS

As águas da Chapada Diamantina são escuras e não é possível visualizar pedras, galhos e troncos. Mesmo que alguém “conheça”, as chuvas alteram o leito dos rios.

5. SEMPRE USE TÊNIS

Proteja seus pés e suas férias. Para trilhas longas e irregulares, use botas ou tênis de cano alto para evitar torções.

6. CONTRATE UM BOM CONDUTOR DE VISITANTES

Eles são essenciais em trilhas pouco marcadas, longas e com terreno muito acidentado. Em trilhas com maior grau de dificuldade, a presença de um bom guia faz toda a diferença, pois, caso necessário, ele irá prestar os primeiros socorros e acionar um resgate. Mas antes de fazer a contratação, peça recomendação sobre o seu trabalho.
Clique para conhecer as agências de turismo em: Lençóis, Vale do Capão, Mucugê, Andaraí, Igatu, Ibicoara, Piatã e Rio de Contas. Além disso, existem outras vantagens de se contratar um condutor de visitantes. Para quem possui pouca experiência em ambientes naturais, por exemplo, o condutor irá facilitar a sua experiência na natureza. Ele pode proporcionar também a prática de atividades como escalada e observação de aves para quem nunca fez isso antes.

Sem falar que ele pode enriquecer a viagem com informações sobre a geologia, botânica e história da região. Além de orientar na escolha dos melhores passeios e prestar o apoio necessário a grupos com crianças, idosos ou pessoas portadoras de necessidades especiais.

Em caso de emergência, ligue: +55 (75) 3625-8836 (Corpo de Bombeiros)

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