Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estiveram em Lençóis e no Vale do Capão, entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, para elaborar um mapa geológico da porção norte do Parque Nacional e suas adjacências. O estudo foi viabilizado em parceria com o Câmpus Avançado Chapada Diamantina da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
“A Chapada Diamantina é uma região escassa de cartografia geológica. Existem mapeamentos básicos executados pela CPRM [Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais] na escala 1:100.000, que é uma escala regional. O nosso mapa é na escala 1:25.000, que traz mais detalhes, quando comparado aos mapeamentos anteriores. Além disso, a Chapada Diamantina possui um grande atrativo geológico, pois se trata de uma região em que ocorrem rochas sedimentares pouco deformadas, sendo assim, o registro geológico é bastante preservado, o que facilita nosso trabalho. Trata-se também de uma região que apresenta uma beleza cênica única”, destaca Pedro Casagrande, integrante da expedição.
O estudo se encontra na fase de escritório, que consiste no tratamento dos dados obtidos em campo. No momento, as amostras coletadas estão no laboratório de laminação da UFMG. Durante a fase de campo, foram descobertas rochas inéditas na cartografia. Ao lado da pesquisa sobre a formação geológica regional, o estudo pretende ampliar as informações sobre a história da Chapada Diamantina, aproximando o conhecimento aos moradores, guias e turistas. Ao lado de Pedro Casagrande, fazem parte do grupo Tomás Corrêa, Cristiano Benício e Fabrício Caxito, membro do Instituto de Geociências da UFMG.
Saiba mais
A geologia é a ciência que estuda a Terra por meio da análise de sua paisagem, da leitura das rochas e de suas marcas, a fim de entender como o planeta nasceu, evolui e funciona. Formada há bilhões de anos, a Chapada Diamantina é resultado do movimento constante das placas tectônicas, que originaram desde os conglomerados diamantíferos a grutas, cânions e cachoeiras (Mais informações estão disponíveis no Manual do guia de turismo da Chapada Diamantina).
O mapa geológico serve como subsídio básico para uma infinidade de outros estudos. Ao conhecer o substrato rochoso de uma região, é possível realizar previsões sobre recursos minerais, por exemplo. Estudos pedológicos, que se referem ao conhecimento dos solos no seu ambiente natural, geotectônicos, sedimentológicos e paleontológicos (que se debruça sobre espécies desaparecidas, com base em fósseis), também são favorecidos com essa ferramenta.
Apesar de ser de difícil compreensão para a maioria das pessoas, o mapa proposto pela equipe da UFMG está sendo confeccionado junto com relatório e nota explicativa, para que os guias e moradores, especialmente, possam compreender melhor sobre a evolução geológica da Chapada Diamantina e compartilhar o conhecimento com os visitantes. “Com o maior número de pesquisadores atuando na região, espera-se, do mesmo modo, o aumento das medidas de conservação”, destaca Corrêa. Os produtos finais (mapa, relatório e nota explicativa) serão divulgados para a comunidade acadêmica através da Prefeitura e da UEFS.
Por Verusa Pinho
Atualizada em 9 de abril de 2015, às 10h50
Foto de Destaque: Vista do Morro do Pai Inácio. Crédito: Açony Santos