Lençóis terá a primeira Casa do Patrimônio da Bahia

Construída nos tempos áureos do garimpo, Lençóis já foi conhecida como a Capital do Diamante. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1973, o município preserva a arquitetura colonial do final do século XIX e, em breve, será sede da primeira Casa do Patrimônio da Bahia. A equipe do Guia Chapada Diamantina conversou com a antropóloga e técnica em ciências sociais do IPHAN, Maria Paula Fernandes Adinolfi, responsável pela implantação do espaço na cidade. Confira a entrevista completa!

Mercado Cultural da cidade, uma das construções tombadas da região. Foto: Branco Pires

Mercado Cultural da cidade, uma das construções tombadas da região. Foto: Branco Pires

Em que consiste uma “Casa do Patrimônio”?

É um espaço para a realização de atividades de educação patrimonial, como debates e reflexões acerca do patrimônio cultural, considerando todas as suas dimensões: não só o conjunto arquitetônico tombado, mas, também, o patrimônio arqueológico e imaterial, além dos acervos documentais e bibliográficos. A Casa do Patrimônio de Lençóis pretende ser uma Casa do Patrimônio da Chapada Diamantina, estabelecendo diálogo e cooperação com instituições públicas, privadas, ONGs e coletivos que já realizam ou têm interesse de realizar projetos nesse sentido. A casa funcionará com base nessa cooperação institucional e terá um conselho curador misto, ou seja, as decisões serão tomadas por esse conjunto de instituições que compartilhará a gestão e as responsabilidades sobre a Casa.

De que forma moradores e visitantes se beneficiarão com a proposta?

Apresentação de Reisado. Foto: Açony Santos

Apresentação de Reisado. Foto: Açony Santos

Os dois públicos serão visados no plano de trabalho da Casa, pois entendemos a importância de debater sobre a necessidade de preservar e difundir informações a respeito do patrimônio para turistas e população local. Teremos muitos tipos de atividades, como mostras de cinema e de artesanato, exposições de arte e fotografia, enfocando (mas não restrita) a cultura de Lençóis e da Chapada Diamantina. Também haverá debates, rodas de conversa, oficinas e vivências com mestres da cultura popular. A Casa terá um Acervo de História Oral do Garimpo e disponibilizará, em diversos formatos, os resultados do Inventário Nacional de Referências Culturais da Chapada Diamantina, com foco nos saberes dos mestres artífices da construção tradicional, pesquisa fruto de cooperação entre o IPHAN e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), em curso desde o final de 2014, com previsão de término no fim de 2015. Outro objetivo da Casa é ser um espaço de divulgação e fortalecimento do Reisado da Chapada Diamantina, forma de expressão muito característica da região, que tem se fragilizado muito e para a qual existe disposição de solicitação de registro como patrimônio cultural do Brasil.

O que motivou a escolha de Lençóis?

Atual escritório do IPHAN. Foto: Açony Santos

Atual escritório do IPHAN. Foto: Açony Santos

Lençóis é o portal da Chapada Diamantina. É a cidade mais visível e uma das mais importantes em termos de formação histórica do território. Em virtude da riqueza do patrimônio cultural e natural da Chapada Diamantina e a proposição de sua inclusão na lista do patrimônio mundial, é um local estratégico para as ações do IPHAN. Sabemos que houve grande investimento em estrutura turística e marketing por parte do órgão de turismo estadual e pela iniciativa privada, mas isso ainda não se traduziu em uma atitude de preservação encampada pela população. A partir de Lençóis, pretendemos disseminar ações, potencializando toda a Chapada Diamantina. Alguns contatos já foram estabelecidos, como a Galeria de Arte e Memória de Igatu, o Espaço Cultural de Ibicoara, a Casa de Cultura e Cidadania Rosa Preta, em Itaetê. Pretendemos alargar essa rede, abarcando todas as instituições que tenham por finalidade a preservação da memória da Chapada, para estabelecer uma rede permanente e efetiva de ações de educação patrimonial.

Em que fase está a discussão e qual a previsão para implantar a Casa do Patrimônio na cidade?

Estamos na fase de articulação com as instituições públicas e organizações da sociedade civil. Fizemos um plano de ação, solicitando recursos para mobiliar e equipar a Casa, que passou por reforma em 2014, mas está fechada há cerca de dois anos, sendo utilizada apenas de modo esporádico para atividades culturais, como exposições. O imóvel já serviu como Escritório Técnico do IPHAN, que, atualmente, funciona no prédio da antiga prefeitura, na Praça Otaviano Alves. Minha vinda para Lençóis, como antropóloga que lida com a salvaguarda do patrimônio imaterial e com educação patrimonial, foi para suprir essa lacuna e viabilizar a reabertura da Casa do IPHAN com o mínimo de infraestrutura, dentro desta nova proposta.

Lançamento da Exposição do Projeto Chapada em Retalhos na Casa do IPHAN, em dezembro de 2014. Foto: Açony Santos

Lançamento da Exposição do Projeto Chapada em Retalhos na Casa do IPHAN, em dezembro de 2014. Foto: Açony Santos

Foto do Destaque: Branco Pires

 

 

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