Mulheres empreendedoras

As mulheres são a maioria no Brasil: 103,5 milhões, correspondendo a 51,4% da população. Há anos, elas vêm rompendo trincheiras no mercado de trabalho. A resposta chega de forma positiva na maioria dos setores. No turismo, por exemplo, pode-se assistir a um crescimento importante. Segundo a Panrotas, o turismo está na lista das 10 áreas com maior participação das mulheres no mercado de trabalho. De acordo com pesquisa da Catho, elas representam aproximadamente 56% dos profissionais.

E quando elas decidem ser as donas das empresas? Neste papel, elas representam 49% dos empreendedores iniciais no país. São consideradas melhores chefes, mais organizadas e coordenam equipes de forma mais humanizada. Mas mesmo assim as batalhas são muitas: para ser ouvida, para conquistar o próprio espaço, para ter salários justos, para ter respeito. Não bastasse tudo isso, há ainda a luta contra o cansaço que assola aquelas que também são mães e dividem seu tempo entre as duas jornadas. “Empreender é tão difícil quanto ser mãe. Costumo dizer que a empresa é meu filho mais novo, mas esse bebê nunca vai crescer.” comenta Samanta, mãe de dois filhos pequenos e gestora da Cafeteria São Benedito, em Lençóis. Já para Silvia e Paula, da NaturSense, os filhos tiveram papel primordial para a criação da empresa. “A necessidade de encontrar produtos naturais para usar em nossos filhos foi a principal motivação para iniciarmos nosso caminho”, comentam as sócias, que fundaram uma empresa de cosméticos naturais há 4 anos.

Paula e Silvia, da NaturSense. Foto: Thais de Albuquerque

 

Na Chapada Diamantina, os dados ainda são imprecisos, mas pode-se afirmar que o número de empresas administradas por mulheres é grande e que elas estão cheias de garra e muita competência. Entrevistamos 12 empreendedoras da região que trabalham em diferentes áreas. Além de todos os desafios que já citamos, outras dificuldades foram apontadas. A maioria ligada à distância dos grandes centros urbanos: serviço de internet precário, poucos insumos de boa qualidade a baixo custo,  falta de qualificação de mão de obra na hora de contratar e pouco acesso a cursos de formação profissional. “Quando eu comecei a trabalhar na cafeteria, fui treinada para operar uma máquina, mas logo notei que fazer café era algo muito além disso, então comecei a estudar por conta própria. Primeiro, comprei um curso online em espanhol, rs… eu não falo espanhol, mas deu para aprender bastante. Em 2016, fui para Belo Horizonte estudar na Academia do Café e foi um grande sonho! Eu nasci e cresci em Lençóis e nunca tinha saído da Bahia. Quando eu voltei, estava certa de que era isso que eu queria! Desde então, fui pra São Paulo estudar no CoffeeLab, depois passei dias visitando as fazendas produtoras de café da Chapada Diamantina e em seguida fui para a Semana Internacional do Café em Belo Horizonte. Lá, tive contato com muitos profissionais experientes e inovadores, o que foi fundamental, pois abriu muito a minha mente. Mas dominar o tema do café e administrar uma empresa são coisas distintas, tanto é que quando fui convidada para tomar a frente da São Benedito, onde eu já tinha trabalhado durante 4 anos, fiquei com muito medo, porque eu sabia que seria desafiador, mas mesmo assim eu aceitei e estou aqui, firme e forte!” Conta Samanta, da São Benedito.

 

Samanta da cafeteria São Benedito, estudando na Academia do Café. Foto: Arquivo pessoal

Realização pessoal
Para elas, empreender não significa apenas montar um negócio, mas também mudar a sociedade e o ambiente. Vanessa Almeida se orgulha por ser dona da única empresa do Norte e do Nordeste com um ISO de segurança em Ecoturismo “Realizei um sonho com a oportunidade de ter um negócio que sustenta minha vida na Chapada Diamantina e além disso, traz benefícios reais à comunidade e à natureza” comenta a diretora da agência de turismo Nas Alturas; Thais Castilho, sócia da Tempero de Moça, afirma que deseja proporcionar uma alimentação saudável para as pessoas; Nayara Dantas, sócia na agência de turismo Chapada Soul, diz que sempre se considerou uma empreendedora e almejou a própria independência financeira. Juntou a isso, seu amor por viajar e levar os amigos para visitar os lugares que conhece e considera especiais; Dula, terapeuta holística há mais de 30 anos, deseja ajudar as pessoas a recuperarem o equilíbrio emocional para obter mais qualidade da vida e após anos de persistência, fundou um espaço onde pode acomodar e atender essas pessoas, no Vale do Capão; Neidinha foi atraída para a Comunidade da Campina, aos pés do Morrão, em 1992, onde começou uma vida mais natural. “Na comunidade, todos se alimentavam muito bem e tinham práticas de vida muito saudáveis, mas utilizando cosméticos com diversos conservantes. Decidimos começar a fazer nossas próprias manipulações”, conta a diretora da Cheiro de Mato. Daí até abrir o próprio negócio, Neidinha passou por diversos cursos e especializações, iniciando sua produção pela saboaria. “Acho que encontrei meu caminho. O mundo precisa de uma vida mais natural, mais saudável, coisa boa para o ser humano e para o universo”, completa.

Tudo tem seu lado positivo e negativo
O fato de ser mulher à frente de uma empresa pode ser favorável em certas situações e desfavorável em outras. “Meus principais concorrentes, que são donos de pousadas, são homens. Talvez por isso, a maioria das pessoas chega a um empreendimento de sucesso esperando ver um homem à frente do negócio. Esse olhar machista da sociedade ainda é um grande desafio”, reflete Maria Carolina Azevedo, dona da Pousada Rosa dos Ventos, no Vale do Capão.
Para Branca Pires, sócia da Flora Comunicação (que produz o Guia Chapada Diamantina), mulher e comunicação são coisas que combinam. “Acho que somos comunicativas por natureza, temos o dom de transmitir informações com uma leveza muito peculiar do universo feminino. Não por acaso, em quase 20 anos atuando na Chapada, sempre tivemos equipes com a maioria de mulheres, tanto na área de vendas quanto de design e jornalismo.” relembra Branca. “Meu trabalho me proporcionou percorrer em diversos universos, desde os prestadores de serviços das cidades, até autoridades nas esferas estaduais e federais. Apesar de sempre fazer questão de dispensar a mesma atenção a todas as pessoas, tive que aprender a dançar conforme a música. O fato de ser uma mulher representando uma pequena empresa de uma pequena região turística no interior da Bahia me leva a ter uma postura bastante firme e determinada, para ser recebida e ouvida. Mas eu considero isso uma vantagem. Flexibilidade é tudo, em qualquer profissão!” Comenta Branca.

Branca Pires, da Flora Comunicação. Foto: Arquivo pessoal

 

Conheça a seguir as 12 empreendedoras que trabalham com toda a dedicação na Chapada Diamantina!

 

A empresária: 

Samanta Ágata. Nascida, criada e moradora de Lençóis.

A empresa:

Cafeteria São Benedito. Samanta é barista desde 2012 e assumiu a cafeteria em maio de 2016.

 

 

A empresária:

Dula Kordula Weissbock. Nascida na Áustria e moradora do Vale do Capão há 21 anos.

A empresa:

Sítio Renascer – Pousada, SPA e Centro Holístico, no Vale do Capão. Dula é terapeuta há mais de 30 anos e fundou seu próprio espaço em 2012.

 

 

A empresária:

Nayara Dantas nasceu em Ipirá – BA e mora em Lençóis há 5 anos.

A empresa:

Chapada Soul – Agência de viagens. Nayara está à frente do negócio desde 2015, ao lado de um sócio.

 

 

A empresária:

Maria Carolina Azevedo, nascida em Salvador – BA e vive no Vale do Capão há 3 anos.

A empresa:

Pousada Rosa dos Ventos, em atividade desde 2015.

 

 

A empresária:

Branca Pires, nascida em Estrela do Sul – MG, moradora de Lençóis há 20 anos.

A empresa:

Flora Comunicação. Branca é sócia na empresa há 19 anos.

 

 

A empresária:

Vanessa Almeida, nascida em Jacobina – BA, e mora em Lençóis há quase 17 anos.

A empresa:

Nas Alturas, agência de Ecoturismo e Turismo de Aventura. Vanessa esteve à frente dos negócios durante 13 anos com outros 2 sócios e desde o ano passado, segue sozinha.

 

 

A empresária:

Deborah Doitschinoff, nascida em São Paulo – SP, mora em Lençóis há 25 anos.

A empresa:

Restaurante Cozinha Aberta. Deborah abriu a empresa em 1994.

 

 

A empresária:

Josineide Tomaz de Sousa, ou Neidinha. Natural de Campina Grande-PB. Vive no Vale do Capão desde 1992.

A empresa:

Cheiro de Mato – Cosméticos Artesanais, fundada em 2011.

 

 

As empresárias:

Sílvia Martins, nascida no Porto (Portugal) e Paula Maria Biral, de Botucatu – SP. Ambas moradoras de Lençóis.

A empresa:

NaturSense – Cosmética Natural, aberta em 2014.

 

 

As empresárias:

Thais Castilho, nascida em Vinhedo – SP e Joara Ferraz, de Vitória da Conquista-BA. Ambas vivem em Lençóis há mais de 7 anos.
 A empresa:
Tempero de Moça – Marmitas, conservas e congelados. Iniciou as atividades ano passado, após muitos anos de experiência das sócias.

 

 

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