Mulheres das Montanhas

Elas são minoria. Elas amam a natureza. Elas não tem medo de altura, nem de carregar peso. Em caso de emergência, elas sabem muito bem o que fazer pois estão física e psicologicamente preparadas para isso.

Na Chapada Diamantina, o universo dos profissionais que atuam como guias de turismo é quase totalmente masculino. Quase. Porque nós iremos apresentar, nesta matéria, mulheres que executam o trabalho de condutoras com toda a segurança, o conhecimento e o respeito que a atividade exige.

Poliana Barbosa.

Mas antes, vamos aos números. De acordo com cadastur, o Brasil tem 20.331 guias de turismo em atividade. Na Bahia, o total é de 762 guias. Entre eles, 298 são mulheres, contabilizando somente 39% dos profissionais do estado. Nas cidades da Chapada, o volume é ainda menor. Levantamos a quantidade de guias – homens e mulheres – cadastrados nas ACV’s (Associação de Condutores de Visitantes) de 4 importantes cidades e vilas turísticas da região: Lençóis, Vale do Capão, Andaraí e Ibicoara. Contabilizamos 247 guias associados. Somente 21 são mulheres, representando menos de 10%.

Não é só a falta de representatividade que chama a atenção. Entrevistamos 9 mulheres e quando o assunto é preconceito, é quase unânime que todas tenham passado por situações em que sua capacidade física tenha sido questionada “Já me olharam com desconfiança, perguntando se eu daria conta de carregar uma mochila pesada, já que eu sou mulher e magra”, diz Martinha, guia de Andaraí. Outras também relataram casos de assédio moral, tanto por parte de clientes quanto de guias homens. Mas felizmente, os tempos estão mudando. Segundo Nelson Oliveira, presidente da Associação de Condutores de Visitantes de Lençóis (ACVL), a procura por mulheres que guiam vem aumentando, especialmente entre famílias com crianças e alguns casais, por serem consideradas mais atenciosas, observadoras e sensíveis, além de suas capacidades serem as mesmas de qualquer guia. Os turistas voltam para casa satisfeitos com os passeios “Os elogios nos fortalecem! Já ouvi várias vezes pessoas dizendo que sentem orgulho em ver mulheres se inserindo nesta área”, comenta Paloma Regala, que além de guia, é turismóloga e mestre em gestão ambiental.

Marta Regina de Lima Souza (Martinha).

Ou seja, apesar de tudo, a balança é positiva e essas mulheres se sentem cada vez mais motivadas a trabalhar com o ecoturismo e o turismo de aventura, onde o que importa é proporcionar uma experiência segura e agradável ao cliente. “Uma das coisas que mais me atrai é a sutileza que precisamos ter para lidar com medos, limitações e até excesso de coragem de pessoas que são desconhecidas para nós, mas que em pouco tempo, precisamos conquistar sua confiança.  Entre os grupos que já conduzi, houve esta família de libaneses que, ao final do quarto dia de trilha, quando pensei que já havíamos superado todos os obstáculos psicológicos que uma mulher apresentou em relação a alturas, durante uma subida bastante longa, ela travou e disse que não tinha mais condições de continuar. Nessas situações, vemos a importância de manter o controle e motivar a pessoa com tranquilidade e paciência. No final, deu tudo certo e foi incrível poder presenciar as lágrimas e o entusiasmo dela e estar ali para compartilhar essa adrenalina.” conta Luana Harf.

Luana Harf

Mulheres fazendo a diferença
Após o fim do garimpo na Chapada Diamantina, o turismo surgiu como uma nova oportunidade de renda aos moradores locais, que eram conhecedores das serras, rios e cachoeiras da região. A atividade se iniciou de forma espontânea, até que um grupo de pessoas enxergou a necessidade de estudar e formalizar a profissão. Delma Alcântara, moradora de Lençóis, fez parte deste movimento, em 1995. “Fundamos a AGTL – Associação de Guias de Turismo de Lençóis, mas fomos notificados, pois não podíamos nos intitular de ‘guias de turismo’ sem ter o curso técnico. Com a ajuda do IBAMA, fomos até a Chapada dos Veadeiros trocar informações com a galera que trabalhava nas mesmas condições que nós: em um lugar de garimpo recente, com guias chamados ‘mateiros’.” relembra Delma. De voltas a Lençóis, foi fundada a ACVL – Associação de Condutores de Visitantes de Lençóis, com estatuto, diretoria e uma das regras do regimento interno era a necessidade do condutor ter o 2º grau completo, ou estar estudando.

Outro ponto importante que Delma recorda foi sua iniciativa em ajudar os guias a ser tornarem profissionais completos “a gente dizia que ser guia não é só olhar pra baixo e andar pela trilha. Precisa conversar com o turista, criar um envolvimento, contar as histórias locais, falar da natureza, tudo isso faz parte do passeio”, comenta. Aos poucos, todos foram se formando como guias de turismo, com a presença do Senac na região. “A partir da experiência que tive em Lençóis, pude colaborar com a fundação das associações de Andaraí e Mucugê”, conclui Delma.

Delma Alcântara.

Conheça a seguir 8 guias que trabalham com toda a dedicação na Chapada Diamantina e estão prontas para enriquecer sua viagem com informações sobre fauna, flora, cultura e história.

 

Nome: Ivana Muniz Paixão
Onde vive: Lençóis
É guia desde: 2013
Especialidades: Caminhadas curtas e longas
Contato:  Facebook
Associação: ACVL

 

 

Nome: Delma Alcântara
Onde vive: Lençóis
É guia desde: 1994
Especialidades: Caminhadas curtas e longas
Contato:  Facebook
Associação: ACVL

 

 

Nome: Diana Almeida Santana
Onde vive: Vale do Capão
É guia desde: 2001
Especialidades: Trilhas longas
Contato: Facebook

 

 

Nome: Paloma Regala
Onde vive: Vale do Capão
É guia desde: 2015
Especialidades: Trilhas curtas e longas (com pernoite)
Contato: Facebook
Associação: ACV-VC

 

 

Nome: Luanna Harf
Onde vive: Vale do Capão
É guia desde: 2006
Especialidades: Trilhas longas e travessias
Contato: Facebook
Associação: ACV-VC

 

 

Nome: Marta Regina de Lima Souza (Martinha)
Onde vive: Vale do Pati / Andaraí
É guia desde: 2014
Especialidades: Travessias no Vale do Pati. Em Andaraí, alguns passeios de bike
Contato: Instagram
Associação: ACVA

 

 

Nome: Clenilda Bonfim (Keu)
Onde vive: Ibicoara
É guia desde: junho de 2016
Especialidades: Trilhas curtas, rurais e comunitárias
Contato: Facebook
Associação: Radical da Chapada

 

 

Nome: Poliana Barbosa
Onde vive: Ibicoara
É guia desde: 2016
Especialidades: Trilhas longas e curtas
Associação: Radical da Chapada

 

 

Nome: Izabelle Serafim Brandão
Onde vive: Mucugê
É guia desde: 2012
Especialidades: Trilhas longas, travessias e expedições.
Contato: Facebook

 

 

Nome: Cristine Braga Pascoli
Onde vive: Vale do Capão
É guia desde: 2003
Especialidades: Trilhas longas, especialmente o Vale do Pati
Contato: Facebook

 

 

Nome: Gracielle Fuchs de Almeida
Onde vive: Vale do Cercado, em Palmeiras
É guia desde: 2010
Especialidades: Escalada, bike, trilhas longas e travessias.
Contato: Facebook

 

 

 

 

A equipe do Guia Chapada Diamantina se orgulha de todas as guias de turismo que trabalham e cuidam da nossa região com tanto carinho! Parabéns! =)

Agradecimentos:
Associação de Condutores de Visitantes de Lençóis (ACVL): 75 3334-1425
Associação de Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACV-VC): 75 3344-1087
Associação de Condutores de Visitantes de Andaraí (ACVA): 75 98173 2006
Associação Bicho de Mato (Ibicoara): 77 99121-6439
Associação de Condutores de Visitantes de Ibicoara (ACVIB): 77 3413-2385
Associação Radical da Chapada: 77 98149-3344

 

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